CABRERA, Julio.
O
cinema pensa. Uma introdução à filosofia através dos filmes. Rio de
Janeiro: Rocco, 2006, pp.15-48.
IDEIAS CENTRAIS
CAP
I – PENSADORES PÁTICOS E PENSADORES APÁTICOS DIANTE DO SURGIMENTO DO CINEMA
F
Surgimento de linhas de
pensamento que mudaram o modo de compreensão da racionalidade humana: influência do cinema sobre a filosofia.
F
Correntes: Schopenhauer,
Nietzsche e Heidegger.
F
Mudança: problematizam a racionalidade puramente lógica (logos) como o único
modo de acesso a realidade, de modo a incluir, no processo de compreensão do
real, um elemento afetivo (ou pático).
F
Os “filósofos páticos” ou “cinematográficos":
não se limitaram a tematizar o componente afetivo, mas o incluíram na
racionalidade como um elemento essencial de acesso ao mundo.
F
O pathos, juntamente com o logos, passa
a ser condição de possibilidade para o conhecimento.
F
Há, portanto, um elemento experiencial (não empírico) na apropriação
de um problema filosófico que torna sensível os problemas filosóficos.
F
Cabrera questiona se o modo
tradicional de fazer filosofia (o modo da literatura) seria o único no que
tange à produção filosófica e se
questiona se não há outros modos, como a imagem.
F
Parece não haver
incompatibilidade entre o modo de fazer filosofia e uma apresentação imagética
de questões filosófica, pois o que caracteriza o saber filosófico é sua radicalidade no questionar e seu caráter
abrangente de suas considerações.
F
O cinema: conseguiria dar sentido cognitivo ao que os filósofos
disseram em forma de literatura numa linguagem “logopática”, ou seja, os aspectos
emocionais (experienciais) não desalojam o racional, mas redefine-o.
F
Cabrera tenta fazer um paralelo
entre a linguagem particular do cinema
e o conceito de Serenidade de Heidegger,
ou seja, uma forma de captar o mundo que
promove como a poesia uma atitude fundamental diante do mundo.
F
A um correlato entre cinema e
filosofia no aspecto que ambos são
conceitos em aberto, ou seja, há uma necessidade constante e dinâmica de
redefinição.
CAP II – CONCEITOS-IMAGEM
F
Para os “filósofos
cinematográficos” ou “páticos”:
a) o modo de compreensão do real não
se dá numa linguagem logicamente articulada, mas a partir de uma linguagem
logopática, ou seja, devem ser ditas numa
linguagem que apresente-o sensivelmente.
b) a linguagem logopática provoca
algum tipo de impacto em quem entra em contato com ela.
c) o impacto sensivelmente apresentado pela linguagem logopática
oferecem certas realidades que possuem pretensões
de verdade universal, não caindo em meras impressões psicológicas. Ao contrário, dizem de experiências existenciais fundamentais
ligadas à condição humana.
F
Assim o cinema visto sob a perspectiva
da linguagem logopática se dá em “conceitos-imagem”.
F1. Um conceito-imagem: é
instaurado e funciona no contexto de uma experiência
que é preciso ter para que se possa entender e utilizar esse conceito. É um
conceito oriundo de um certo tipo de experiência a qual deixa-se afetar pela vivência de algo.
F
2. Um conceito-imagem: é
produzido em alguém por meio de um impacto
emocional que revela algo sobre o
mundo, o ser humano, a natureza, etc.
F
3. Um conceito-imagem: diz de
algo com pretensão de verdade e
universalidade.
F
4. Um conceito-imagem: pode ser
identificado em partes ou no filme como
um todo, contudo necessitam ser instalados em um desenvolvimento temporal e, por isso, não são pontuais.
F
5. Um conceito-imagem: pode ser
literal às imagens mostradas no filme ou desenvolvidos mediante abstração das
imagens.
F
6. Um conceito-imagem: não são categorias estéticas nem possui
a finalidade de classificar em “bom” ou “ruim”, “belo” ou “feio”, etc.
F
7. Um conceito-imagem: não é exclusivo do cinema, mas podem ser
encontrados na literatura, sobretudo, nos filósofos páticos. O cinema apenas
potencializa as possibilidades da literatura.
F
8, Um conceito-imagem: propõe soluções
lógicas, epistêmicas e moralmente abertas e problemáticas.